terça-feira, 11 de novembro de 2008

TGV atravessa Mondego e Choupal em túnel

Segundo notícias hoje publicadas (Jornal de Notícias), foi ontem (10 de Novembro) apresentado pela RAVE (Rede de Alta Velocidade) o projecto para o TGV em Coimbra.

A RAVE apresenta duas soluções para a travessia do Mondego, ambas entra a Ponte-Açude e a Ponte do Caminho de Ferro. Uma em viaduto e outra em túnel, sendo esta a preferida pelas várias entidades, incluindo a Rave...

"No entendimento de João Rebelo, vice-presidente da Câmara Municipal de Coimbra, «a solução de túnel parece ser a melhor», pelo menor impacto que provoca, afastando ainda alguns receios que se tinham colocado na sociedade pelo impacto para a Mata Nacional do Choupal com a nova travessia do rio Mondego. "(in Sol)

"Carlos Fernandes, administrador da Rede Ferroviária de Alta Velocidade (RAVE), adiantou que a solução do túnel é a «melhor», de acordo com técnicos e consultores que intervieram no estudo prévio, uma vez que «terá menos impactos sócio-económicos, menos expropriações, menos demolições». (...)

(...) no custo global, a construção sob o Rio Mondego não representa custos acrescidos, porque «marginalmente, é mais barata». (...)

(...) Também a nível ambiental, especificamente, do que ao Choupal diz respeito, a solução em túnel – também a preferida do executivo camarário – tem impactos mais reduzidos." (in Diário de Coimbra)


Que pena não se defender idêntica solução para a travessia do IC2...

O que terá a RAVE a mais que a Estradas de Portugal? Mais consciência ambiental? Maior respeito pelas populações? Melhores engenheiros? Melhores gestores? Um pouco de tudo?

Não sabemos, mas que há diferenças há-as...

É que é difícil entender que existam impedimentos técnicos para o IC2 passar em túnel e tal seja possível para o TGV, ainda para mais tendo a ferrovia maiores condicionantes aos desníveis que as rodovias.

Para o TGV a passagem em túnel é uma solução possível e, ainda que marginalmente, mais barata!

Provedoria do Ambiente e Quercus contra afectação da Mata

Segundo notícias publicadas hoje 11 de Novembro (Diário Digital, Diário de Coimbra, Diário As Beiras) a Provedoria do Ambiente de Coimbra e a Quercus pronunciaram-se contra o traçado proposto para o IC2 sobre a Mata Nacional do Choupal.

Realçam a falta de apresentação de alternativas e a opção, pela Estradas de Portugal, de rejeitar outras soluções, nomeadamente a passagem em túnel.

Realçam também o cuidado da Estradas de Portugal em desviar o traçado, na Pampilhosa do Botão, para poupar um campo de golfe ainda nem sequer aprovado, comparando esse cuidado com a falta de sensibilidade da mesma Estradas de Portugal em fazer o mesmo relativamente à Mata Nacional do Choupal.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O porquê da participação pública ser difícil

Realmente os processos de avaliação de impacte ambiental incluem uma fase de participação pública. No entanto esta é mais formal que efectiva. Descobrir os projectos, mesmo no site da Agância Portuguesa do Ambiente, não é fácil, a publicitação é mínima, os formulários automáticos de participação são inexistentes, e a informação, essa não se pode dizer que seja duma clareza estonteante.

Sobre este projecto confira em http://istoeaquiloemaisumqueijo.blogspot.com/2008/10/ontem-logo-pela-manh-assim-como-que.html, logo vê do que falamos...

... Ah, ficámos a saber que os projectistas conseguiram desviar o IC2 de um campo de golfe em projecto na Pampilhosa do Botão(!) mas, esses mesmos projectistas não conseguiram (quiseram/tentaram) desviá-lo da Mata do Choupal...

É assim mesmo, gentes da Pampilhosa do Botão!

Crónica de Jorge Paiva (excertos)

O Diário As Beiras publicou no dia 29 de Outubro uma crónica do biólogo Jorge Paiva intitulada "Coimbra, mais duas agressões" em que, para além da central térmica em Taveiro, aborda a travessia do IC2 na Mata do Choupal. São os excertos relativos a este assunto que se transcrevem de seguida (destaque nosso).



"Vamos agora ao IC2. Não aceito de maneira nenhuma que se construa mais uma ponte a atravessar o Choupal e, ainda por cima, a de maior largura, pois é para um IC. O Choupal é o maior “pulmão” de Coimbra, (...) O Choupal já foi terrivelmente devastado (mais de 5000 árvores, com as obras de “regularização” do Mondego, canal de “rega” e Estação de Tratamento de esgotos). Quantas árvores vão derrubar? Quantas morrerão por ensombramento ou poluição rodoviária? Qual o volume de solo a movimentar? Quantos decibéis a mais terão de suportar as pessoas que vão ali praticar desporto de manutenção? Qual o aumento de poluição carbónica que terão suportar esses utentes?
Mas, para mais esta aberração do IC2 a passar praticamente no meio urbano, em vez de uma via dessas passar bem ao largo, a população de Coimbra é que devia reagir, particularmente os habituais utentes do Choupal (basta irem à Internet, à consulta pública de tal projecto http://www2.apambiente.pt/IPAMB_DPP/publico/eia_rnt.asp?id=1386). (...)"

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Como Participar

"No âmbito do processo da Consulta Pública serão consideradas e apreciadas todas as exposições que especificamente se relacionem com o projecto em avaliação. Estas exposições devem ser apresentadas por escrito e enviadas à Agência Portuguesa do Ambiente até à Data Final da Consulta Pública".
10 de Novembro de 2008



Escreva, declarando explicitamente a sua posição, antes de 10 de Novembro, para a Agência Portuguesa do Ambiente, referindo o assunto:



Assunto: Participação na consulta pública do processo de AIA: IP3 - Coimbra (Trouxemil), IC2 Coimbra - Oliveira de Azeméis e IC3 - Coimbra - IP3



Agência Portuguesa do Ambiente

Rua da Murgueira, 9/9A - Zambujal - Ap. 7585 - 2611-865 Amadora



aia@apambiente.pt



Caso queira, e concorde, aproveite os textos deste blogue para expressar a sua posição.

Não à Amputação do Choupal

Não sei se os conimbricenses já se aperceberam mas está em contagem decrescente a sua oportunidade de se pronunciarem contra um atentado à sua cidade.


Até 10 de Novembro está em consulta pública o processo de avaliação de impacte ambiental do novo IC2.



Até aqui talvez alguns já soubessem. Agora quem sabe que o traçado em avaliação prevê uma nova ponte sobre o Rio Mondego? Em cima da Mata do Choupal? Isso já é provável que seja menos conhecido. Até porque na única notícia publicada na cidade ´sobre o assunto (no Diário de Coimbra) era referido que o novo IC2 passava «nas proximidades» do Choupal. Nas proximidades?! Em cima! melhor dito.



E porque é que não se fala deste assunto? Porque parece haver um manto de silêncio sobre este atentado que vai destruir mais uma parte do Choupal, afastá-lo da Cidade, e torná-lo menos apetecível? Quem fizer uma busca simples na internet verifica a quantidadede notícias sobre reclamações pontuais ao traçado do IC2 na Trofa, em Águeda, em Avelãs-de-Cima, etc. etc.. Em Coimbra? Nada.


Será que Coimbra tem tantos espaços verdes que possa assim dispensar o Choupal como coisa de somenos? Será que a cidade não viu já suficientes atentados ao património na sua História recente?


Esta travessia irá constituir mais um desbaste e amputação da Mata Nacional do Choupal, indelével, pensava-se, património cultural, social, ambiental, paisagístico e histórico não apenas da cidade de Coimbra mas de todo o país.


A ponte em causa, além de destruir a vegetação da área directamente afectada, irá constituir um imenso factor de perturbação e poluição, sonora, atmosférica e visual, inutilizando a área a este da ponte do Caminho de Ferro. Esta é a área primordial de ligação pedonal e ciclável da mata à cidade. mais longe e isolada vai ficar a Mata Nacional do Choupal, menos qualidade de vida e de usufruto vão ter os que a demandam. Pelos visto para se ir praticar desporto terá mesmo que se ir de carro!

O ruído vai aumentar imenso na zona, e levar mais para o coração da mata os pontos de origem. Aumentará igualmente a poluição atmosférica. Realmente a ponta Este da Mata Nacional do Choupal vai-se tornar uma terra de ninguém! Porque ninguém que ouça, veja ou, no mínimo, respire, quererá ser apanhada entre duas autoestradas numa zona que pretende ser espaço verde (é-o a nível do PDM) e Mata Nacional de Regime Florestal Total (já houve tempo em que isto queria dizer algo).

São mais de 4 hectares de Mata que ficam inutilizados. São mais de 300 metros que a mata recua. São 700 metros de caminhos na mata que ficam sob o efeito da autoestrada.

Por outro lado, tendo em atenção as dimensões previstas da nova ponte, mais larga e mais alta que a Ponte-Açude irá aumentar drasticamente a barreira visual entre a mata e a cidade. Acabará a nobre vista que quem se desloca de comboio actualmente desfruta da cidade. Este é um património intangível que, em países com orgulho do seu grau civilizacional, é preservado e valorizado, não liminarmente ignorado.


E tudo isto para quê? Para que quem vem do sul e vá para norte não tenha que passar na actual Ponte-Açude. Não serve o tráfego local. Logo poderia perfeitamente ser afastada de Coimbra. Para quê vir aumentar a perturbação de modo drástico?

Atendendo ao grau de desenvolvimento da engenharia portuguesa esperar-se-ia mais algum engenho na adopção de uma opção de travessia. Esta é uma solução preguiçosa, prepotente e desrespeitosa. É uma solução atamancada, que serve mal quem deveria servir melhor e que causa impactos dramáticos localmente.

Deve ser rejeitada e procurada uma verdadeira alternativa que não comprometa o desenvolvimento futuro e a qualidade de vida, presente e futura.

Deve ser dado parecer negativo à travessia do Rio Mondego com afectação da Mata Nacional do Choupal e da Cidade de Coimbra.

Podemos, pelo menos, não nos conformar. Participe! Escreva, antes de 10 de Novembro, ao Director da Agência Portuguesa do Ambiente dando conta da sua oposição a esta má solução.